22 de dezembro de 2015

NATAL E NÃO DEZEMBRO






Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido....

Entremos inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois; somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rasto de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave....
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada

David Mourão-Ferreira

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